Resumo O artigo avalia até que ponto a Antropofagia inova ao lidar com a importação de ideias no Brasil. Analisa, para tanto, como o projeto ideológico de Oswald de Andrade é elaborado entre 1924 e 1928 no Manifesto da Poesia Pau-Brasil e no Manifesto Antropófago. Confronta as formulações do escritor, a partir daí, com a crítica da época, que enfatizava a pretensa inspiração europeia de seu programa. Em termos mais específicos, busca, por meio da Revista de Antropofagia, entender os rumos e significados que o movimento assume até 1929. Em cada um desses momentos presta atenção especialmente na interlocução dos antropófagos com outros intelectuais da época. Ou seja, procura basicamente entender a Antropofagia em seu contexto, com o objetivo de verificar, em termos deliberadamente anacrônicos, até que ponto ela pode transcender seu ambiente, confrontando-a de modo especial com as recentes formulações pós-coloniais.
Abstract The article examines to what point the Brazilian Anthropophagy movement innovates in its approach to the importation of ideas. It begins by analysing how Oswald de Andrade’s ideological project developed between 1924 and 1928 in the Pau Brazil Poetry Manifesto and the Anthropophagic Manifesto. It then compares the writer’s arguments with the critique made of his program at the time, which stressed its supposed European inspiration. More specifically, through the journal Revista de Antropofagia, it looks to understand the paths taken and meanings explored by the movement up to 1929. In each of these moments, special attention is paid to the dialogue between anthropophagists and other contemporary intellectuals. In sum, it tries to understand Anthropophagy in its context in order to evaluate, in deliberately anachronic terms, how far it can transcend them, comparing it particularly with recent postcolonial formulations in anthropology.