Uma certa tradição antropológica tende a interpretar a simbólica da caça como uma maneira de exprimir a ambivalência, até mesmo a má consciência, que todos os humanos sentiriam ao matarem animais. Se essa interpretação parece legítima no quadro das sociedades modernas, marcadas desde o século XIX por uma evolução profunda das sensibilidades nesse domínio, ela não parece sê-lo para as sociedades pré-modernas, sobre as quais se pode duvidar que partilhem a mesma moral que os cidadãos euro-americanos do fim do século XX. O exemplo do tratamento da caça na Amazônia indígena mostra que a relação com o animal ali é menos determinada por uma gama de sentimentos universais que por esquemas de comportamento enraizados nos sistemas cosmológicos, ontológicos e sociológicos característicos dessa área cultural.
A certain anthropological tradition tends to interpret the symbolism of hunting as a way of expressing the ambivalence, or even the troubled conscience, that all humans are supposed to feel upon killing animals. While this interpretation appears legitimate in the framework of modern societies, marked since the 19th century by a profound evolution in the sensitivities pertaining to this domain, the same does not appear to be true for pre-modern societies, who may very well not share the same morals as late 20th-century Euro-American citizens. The way indigenous peoples deal with hunting in the Amazon illustrates how the relationship to animals there is determined less by a range of universal feelings than by behavioral schemata rooted in this cultural area's characteristic cosmological, ontological, and sociological systems.