Resumo O presente artigo apresenta uma discussão sobre os processos de socialização na atualidade. Dando seguimento às discussões já travadas anteriormente, faz algumas afirmações relevantes do ponto de vista metodológico para os interessados em pesquisar os processos socializadores. O texto traz uma discussão acerca da importância de se contextualizar as trajetórias individuais a fim de se conseguir apropriar de maneira concreta as experiências e tomadas de posição dos indivíduos ao longo dos percursos sociais. As categorias decadres (instituições), modalidades(maneiras e formas de agir), tempo (momento de um percurso individual), e efeitos (disposições de agir, sentir e pensar) deveriam ser consideradas em todo o processo com a intenção de evitar interpretações vazias e ou retóricas acerca da incorporação das maneiras de ser. Tratando-se de uma discussão teórica e metodológica, texto busca elencar outras pesquisas que seguem o procedimento proposto. Todas as investigações citadas parecem seguir a metodologia de contextualizar o presente e o passado dos investigados a fim de alertar para os desvios e ou erros muitas vezes cometidos pelos pesquisadores. De fato, um número expressivo de pesquisas não levam em consideração os efeitos das socializações anteriores frente às novas socializações e creditam à socialização secundária um espaço de atualização de disposições adquiridas anteriormente.
Resumé L’auteur a pour but de justifier l’usage du concept de socialisation. Pour lui, pour avoir une véritable utilité sociologique et être scientifiquement un tant soit peu rentable, la notion de socialisation doit être suffisamment précise et impliquer une démarche empirique. Se contenter de dire que les acteurs d’une société sont socialisés ou qu’ils sont le produit d’une socialisation n’est qu’une manière – somme toute assez vague – de prendre le contre-pied des conceptions de l’homme innéistes ou naturalistes, mais ne suffit pas à faire de la notion de “socialisation” un concept utile, c’est-à-dire un outil qui contraint à imaginer des opérations précises de recherche, à concevoir des enquêtes qui, sans lui, n’auraient tout simplement pas été pensables. Pour ne pas faire de la notion de socialisation un concept “amorphe” (WEBER, 1964, 1996), purement décoratif ou rhétorique, qui rappellerait uniquement le caractère socialement construit des acteurs individuels, il faut donc préciser – décrire et analyser – les cadres (univers, instances, institutions), les modalités (manières, formes, techniques, etc.), les temps (moment dans un parcours individuel, durée des actions socialisatrices, degré d’intensité et rythme de ces actions) et les effets (dispositions à croire, à sentir, à juger, à se représenter, à agir, plus ou moins durables) de socialisation.
Abstract This article debates current socialization processes. Following previous discussions, it makes relevant statements from a methodological perspective to the ones interested in researching socialization processes. The text brings a discussion on the importance of contextualizing individual paths in order to concretely appropriate experiences and positions of the individual along social pathways. Cadres (institutions), modalities(courses of action), time (moment of the individual’s path), and effects (dispositions to act, feel and think) are categories to be considered along all the process to avoid empty and rhetoric interpretations about the incorporation of ways of being. As a theoretical and methodological discussion, the article lists other studies with the same proposed procedure. All the investigations cited seem to follow the methodology of contextualizing the present and the past of the subjects to warn against possible deviations or mistakes often made by researchers. Indeed, a significant number of studies, in the face of new socializations, fail to take into account the effects of previous socializations, and thus credit the room for updating previously acquired dispositions to secondary socialization.