Este artigo analisa o crescimento exponencial do número de detentos ocorrido nos Estados Unidos a partir de meados dos anos 70. Procura mostrar que esse crescimento não corresponde a um aumento da criminalidade, mas à conjugação de três séries causais, quais sejam: o declínio do "ideal de reabilitação" dos prisioneiros, a instrumentalização do medo da violência pelos políticos e pela mídia e a função de mecanismo de controle racial assumido pelo sistema penal americano. Em suma, a hiperflação carcerária revela a contraface do enfraquecimento do Estado de Bem-Estar Social e a sua substituição por um Estado penal.