Este trabalho tem como objetivo examinar perspectivas clássicas e contemporâneas a respeito da escola que têm como alvo a igualdade de oportunidades e a meritocracia escolar. Partindo do pressuposto segundo o qual os conceitos de justiça e de justiça escolar gravitam em torno de determinadas concepções, recorremos primeiramente a duas abordagens teóricas. A primeira delas é baseada no pensamento de John Rawls (1921-2002), especificamente no que concerne à noção de justiça como equidade. A segunda abordagem teórica é a de Michael Walzer (1906-1981), autor que defendeu a ideia de uma sociedade complexamente igualitária, na qual a educação figura como uma das esferas da justiça. Em seguida, debruçamo-nos sobre a noção de injustiça, tendo como referência as reflexões de Barrington Moore Júnior (1913-2005), construídas a partir de um estudo rigoroso das condições sociais e históricas nas quais a indignação moral manifesta-se com maior intensidade ao longo dos séculos XIX e XX, e de François Dubet (1946-) que, pautando-se em um estudo qualitativo de grande fôlego, examina os sentimentos de injustiça a partir do embate entre os princípios de igualdade, mérito e autonomia. É no quadro dessas discussões que o desencantamento face às políticas educacionais voltadas à democratização da educação torna-se mais radical e que as injustiças tornam-se mais evidentes, menos toleradas e anunciam a necessidade de construção de uma escola justa.
This work aims to examine classical and contemporary perspectives on school that pursue equality of opportunities and school meritocracy. Based on the assumption that the concepts of justice and school justice revolve around certain conceptions, we primarily used two theoretical approaches. The first of them is based on John Rawls' (1921-2002) thinking, particularly concerning the notion of justice as equity. The second theoretical approach is that of Michael Walzer (1906-1981), an author who advocated the idea of a complex equality in society, with education as one of its spheres of justice. Next, we examine the notion of injustice, based on the reflections of Barrington Moore Junior (1913-2005), which are built from a thorough study of the social and historical conditions where moral outrage is most intensely expressed over the nineteenth and twentieth centuries, and the reflections of François Dubet (1946-), who relies on extensive qualitative research to examine the feelings of injustice arising from the conflict between the principles of equality, merit and autonomy. It is within the frame of such discussions that the disillusion with educational policies oriented to education democratization becomes more radical, and injustices become more evident, less tolerated and announce the necessity to build a just school.