O presente trabalho tem como objetivo discutir e articular as relações entre o cinema e a Psicanálise. Para isto, utilizou-se do documentário Estamira, de Marcos Prado, 2006. O filme retrata a história de uma mulher que sofre de transtornos mentais e trabalha, há anos, no hoje extinto aterro sanitário na cidade do Rio de Janeiro. O Cinema, como expressão de arte, se relaciona com a Psicanálise de diversas formas, pois também trata da subjetividade dos participantes na produção cinematográfica. O diretor, sem ter a intenção de qualquer expressão psicanalítica, assume um lugar de objeto que escuta e deseja desvendar o saber da personagem, o que se assemelha à função de um analista. Estamira transmite aos telespectadores sua narrativa da verdade, seu discurso contundente que, na mesma enunciação impacta, confunde e toca. Na psicose, como é caso de Estamira, os delírios da personagem tentam responder a eventos traumáticos inassimiláveis, são respostas a circunstâncias compostas de grande sofrimento; a personagem elucida o mecanismo de produção delirante ao mostrar, em sua história de vida, que a única resposta possível encontrada às violências que vivenciou, foi o delírio.
This paper aims to discuss and articulate the relationship between cinema and psychoanalysis. To achieve this goal, it was analyzed the documentary Estamira, of Marcos Prado, 2006. The film tells the story of a woman suffering from mental disorders who had worked for years at the sanitary landfill (a dump) in the city of Rio de Janeiro. Cinema as an expression of art relates to various forms of psychoanalysis, they also deals with the subjectivity of those involved in film production. The director, despite not having a prior intention, holds a place of psychoanalytic object and listens carefully, which resembles the function of an analyst. Estamira passes her narrative of true that is outstanding, but in the same time confuses and impacts. In psychosis, the case of Estamira, the delusions is an answer for traumatic events that could not be assimilated, they are responses to circumstances of great suffering. The character elucidates the mechanism of delusion, showing that the only possible response to the violence she experienced was the delusions and hallucinations.