RESUMO O artigo discute estudiosos recentes que têm advogado a favor da utilização dos conceitos de raça e racismo para explicar preconceitos culturais em Grécia e Roma antigas. Mais particularmente, este estudo debate os argumentos para o caso de uma Grécia antiga racista ou protorracista elaborados por Benjamin Isaac (2004) em The Invention of Racism in Antiquity e Susan Lape (2010) em Race and Citizen Identity in the Classical Athenian Democracy. Segundo essa perspectiva historiográfica, existiria muito mais continuidade entre o racismo antigo e o moderno do que pensávamos. O presente artigo aponta dificuldades com os argumentos dessa abordagem, bem como sustenta que as relações étnicas na Grécia antiga são mais bem compreendidas como formas não hereditárias de preconceito cultural e não como racismo, que tem uma história específica ligada à colonização europeia e ao tráfico negreiro da época moderna.
ABSTRACT This article discusses scholars who have been advocating the concepts of race and racism to explain cultural prejudices in ancient Greece and Rome. More precisely, this study debates the arguments for the case of an ancient racist or proto-racist Greece elaborated on by Benjamin Isaac (2004) in The Invention of Racism in Antiquity and Susan Lape (2010) in Race and Citizen Identity in the Classical Athenian Democracy. Thus, for this historiographical perspective, there is much more continuity between ancient and modern racism than we had assumed. This article highlights certain conceptual and argumentative flaws in this approach, maintaining that ethnic relations in ancient Greece are better explained as non-hereditary forms of cultural prejudice rather than as racism, which has a specific history related to European colonization and slave trade.