Resumo: A literatura criminológica tem apontado há muitos anos que as mulheres matam muito mais raramente que os homens. O argumento central deste texto propõe que os assassinatos cometidos por mulheres não podem ser explicados deterministicamente por transtornos mentais ou processos de vitimização, antigos ou recentes. Sem excluir a eventualidade da existência de tais mecanismos psicossociais, buscamos discutir a ideia de que as mulheres também matam de forma deliberada, em atos que envolvem vontade (ou volição), intencionalidade, racionalidade, emoções como raiva e ódio, que podem estar associados de forma relativamente autônoma a processos de vitimização remotos ou recentes e mesmo a transtornos mentais passageiros ou permanentes.
Abstract: The criminological literature has shown for many years that women kill far less frequently than men. The central argument of this paper suggests that the murders committed by women cannot be explained deterministically by mental disorders or victimization processes, old or recent. Without excluding the possibility of the existence of such psychosocial mechanisms, we discuss the idea that women also kill deliberately, in acts involving the will (or volition), intentionality, rationality and emotions like anger and hatred that may be associated in a relatively autonomous way with remote or recent victimization processes and even with mental disorders, be they permanent or temporary.