A ecologia política é o campo disciplinar e político do encontro de diferentes racionalidades na apropriação social da natureza e na construção de um futuro sustentável. Este propósito histórico demanda a desconstrução das teorias e práticas edificadas sobre os fundamentos da racionalidade científica, econômica, tecnológica e política da modernidade, inscritas nas instituições nacionais e internacionais do mundo globalizado e arraigadas nos mundos de vida das pessoas, para construir novas relações socioambientais. A ecologia política não só opera esta desconstrução na teoria, mas também por meio das práticas de emancipação dos povos nas suas lutas pela reinvenção de suas identidades e pela reapropriação de seus territórios bioculturais. A racionalidade ambiental desconstrói a racionalidade econômica dominante por meio da construção de um paradigma eco-tecnológico-cultural de produção fundado no princípio da produtividade neguentrópica. As condições de vida das diferentes culturas, registradas nos imaginários e práticas dos povos, reemergem hoje na ressignificação e na reafirmação de suas identidades culturais, em suas lutas pela reapropriação da natureza e pela reterritorialização de seus mundos de vida.