O artigo aborda o conflito cultural observado na arena econômica do Brasil dos anos 90, opondo os defensores de uma ordem industrial e os proponentes de um sistema organizacional ancorado na lógica financeira. Baseado, fundamentalmente, em entrevistas realizadas com gerentes e engenheiros industriais e na intensa produção intelectual "neoliberal" do período, o autor constata a existência de um conjunto de ambigüidades pessoais e de alternativas sociais implícitas nesse discurso e propõe um papel mais ativo e consciente das ciências sociais no sentido de auxiliar a sociedade a identificá-las e explicá-las.
Le but de ce texte est de mettre en lumière un conflit cognitif et idéologique dans le Brésil des années 90. Ce conflit oppose les cadres industriels proposants d'un ordre économique fondé sur le système industriel face aux acteurs partisans d'un nouvel ordre inspiré du monde des finances. L'article a pour base empirique des entretiens menés auprès d'ingénieurs et de gestionnaires occupant des postes dans des entreprises qui se transforment ou se réorganisent selon cette nouvelle logique. On y trouve une situation très nuancée, caractérisée par des ambiguïtés personnelles et des alternatives sociales qui demeurent implicites.
The article looks at the cultural conflict found in the Brazilian economic arena in the 90's, between the defenders of the industrial order and the proponents of an organizational system anchored in financial logic. Based mainly on interviews with industrial sector managers and engineers and on the intense "neoliberal" intellectual output of recent times, the author finds a set of personal ambiguities and social alternatives implicit in this debate and proposes a more active and conscious role for the social sciences in order to help society to identify and explain them.