OBJETIVOS: determinar a prevalência de violência física doméstica sofrida por mulheres que tiveram o parto assistido em uma maternidade terciária do Nordeste do Brasil, estudar os principais fatores de risco associados e determinar os resultados perinatais. MÉTODOS: realizou-se estudo descritivo, tipo corte transversal, incluindo 420 mulheres que tiveram o parto assistido em maternidade terciária no Recife (Brasil), com fetos pesando mais que 500 gramas. Todas estas foram submetidas a entrevistas com questões abertas e fechadas. Determinou-se a prevalência de violência física doméstica. Realizou-se análise estatística usando os testes c² de associação e exato de Fisher, considerando-se o nível de significância de 5%. A razão de prevalência foi determinada como medida do risco relativo de violência. Realizou-se análise de regressão logística para cálculo do risco ajustado de violência física. RESULTADOS: a prevalência de violência física doméstica foi de 13,1% (IC 95% = 10,1-16,6) e 7,4% (IC 95% = 5,2-10,2) antes e durante a gestação, respectivamente. O padrão de violência alterou-se durante a gravidez, tendo cessado em 43,6%, diminuído em 27,3% e aumentado em 11% dos casos. Depois da análise multivariada, as variáveis que persistiram fortemente associadas com violência foram baixa escolaridade e história familiar de violência da mulher, consumo de álcool e desemprego do parceiro. Entre os resultados perinatais, encontrou-se elevada freqüência de morte neonatal entre as vítimas de violência. CONCLUSÕES: encontrou-se elevada prevalência de violência física doméstica (cerca de 13%) entre as mulheres que tiveram o parto assistido em maternidade terciária do Nordeste do Brasil. Os principais fatores de risco associados foram baixa escolaridade e história de violência na família da mulher, consumo de álcool e desemprego dos parceiros. A mortalidade neonatal foi elevada entre as vítimas de violência.
PURPOSE: to determine the prevalence of domestic physical violence among women who delivered at a tertiary center in the Northeast of Brazil, to study the main risk factors associated with domestic violence, and to determine perinatal outcome. METHODS: a cross-sectional study was conducted, enrolling 420 women who delivered at a tertiary center in Recife (Brazil) with fetuses weighing more than 500 g. They were submitted to interviews with open and closed questions. The prevalence of domestic physical violence was determined. Statistical analysis was performed using c² and Fisher's exact tests at a 5% level of significance. The prevalence ratio was determined as measurement of relative risk of violence. Multiple logistic regression analysis was performed and the adjusted risk was calculated. RESULTS: the prevalence of domestic physical violence was 13.1% (95% CI = 10.1-16.6) and 7.4% (95% CI = 5.2-10.2) before and during pregnancy, respectively. The pattern of violence has changed during pregnancy: stopped in 43.6%, was reduced in 27.3% and increased in 11% of the victims. After multivariate analysis the variables that persisted strongly associated with violence were low female educational level, history of violence in the women´s family, partner's use of alcohol and unemployment. Perinatal outcome was studied and a significantly higher frequency of neonatal death was observed among victims of domestic violence. CONCLUSIONS: a high prevalence of domestic physical violence was observed (about 13%) in women who delivered at a tertiary center in Northeast of Brazil. The main risk factors were low educational level and previous familiar history of violence in the women's family, alcohol use by and unemployment of their partners. Neonatal mortality was increased in victims of violence.