Resumo Levando em conta a expansão do ativismo de diversas agências religiosas nas mais variadas arenas públicas nacionais, este artigo visa trabalhar o problema da reconfiguração recente do secularismo brasileiro. A partir da análise de três casos concretos – cerimônia de inauguração do Tempo de Salomão, repercussão midiática de uma pastora transgênera e controvérsias no Supremo Tribunal Federal envolvendo agentes religiosos –, procuraremos demonstrar como as diversas dinâmicas de produção de visibilidade observadas resultam em um novo entendimento do que é “fazer religião” em público e, no limite, modificam a configuração de nossa ordem jurídica secular. Seguindo por esse caminho e observando o modo como a publicização da experiência sacraliza (moraliza) problemas privados tornando-os públicos, constata-se que grande parte da eficácia da linguagem religiosa contemporânea está menos na imposição de uma mensagem do que na qualidade e plasticidade de suas encenações nas diferentes arenas.
Abstract This article analyses the problem of the recent reconfiguration of Brazilian secularism, taking into account the expansion of the activism of several religious agencies in the most varied national public arenas. We observed three empirical cases involving religious agents – the Solomon’s Temple Inauguration ceremony, the media’s repercussion of a transgender pastor and two controversies in the Federal Supreme Court – analyzing the different dynamics of production of visibility that results in a new understanding of what it is to “do religion” in public. In this sense, it was observed how to make the experience public sacralizes (moralises) the private problems and it has been found that the effectiveness of contemporary religious language cames much more from the quality and plasticity of its scenarios in the different arenas than of the imposition of a religion’s message.