RESUMO Esta homenagem a Eneida de Souza busca abrir uma janela de seu livro sobre biografia e arquivo para ligar os escritos de Osman Lins às ideias de estetizar o pacto do escritor com o destino literário e com a autobiografia ficcional. Dessa forma, a morte anunciada pela ficção transforma o sujeito em personagem e o texto passa a ter vida a partir do gesto do escritor. Em Os gestos (1957), tanto o quarto quanto a moldura de uma janela enquadram simbolicamente o espaço íntimo do gesto que se amplia e se transforma na passagem ao mundo exterior, na busca alargada do corpo/casa que se escreve através da memória. Em Domingo de Páscoa (2013), assim como em seus últimos textos (1978), destaca-se esse gesto da morada originária ao se cruzar no análogo espaço dentro/fora da janela através do quarto do doente. A leitura teórico-crítica autobiográfica busca assim atualizar o gesto poético para o leitor comum e para o sentido de doença.
ABSTRACT This homage to Eneida de Souza tries to open a window within her book on biography and archives so that it may connect Osman Lins’s writings to the ideas of anesthetizing the writer’s pact with literary destination and fictional autobiography. While death, announced by fiction, can change the subject into a character, the text is brought to life through the writer’s gesture. In Os gestos, the room, as well as the window frame, are then symbolic passageways to the exterior world in the expanded search of the body/house which are written through memory. In Domingo de Páscoa (2013), as well as in his last writings (1978), there is this original sheltering gesture while it is being crossed by an analogous space turned inside out, as seen by a patient’s sickroom perspective. Thus, this theoretical/critical autobiographical reading seeks to update both the poetical gesture to the common reader and to the feeling of sickness.