Pesquisas recentes demonstram a relação direta da leptina na regulação do balanço energético e como um dos fatores envolvidos em transtornos alimentares. Com ação no sistema nervoso central, a leptina interfere na ingestão alimentar, no metabolismo da glicose, no peso corporal, na produção de hormônios sexuais e na atividade física. As pesquisas realizadas tanto em seres humanos como em animais demonstram que a queda nos níveis de leptina está relacionada aos sintomas apresentados na anorexia nervosa: a baixa ingestão alimentar, a perda excessiva de peso corporal, a amenorréia e a hiperatividade. Assim, o grau de hipoleptinemia não é apenas uma forte indicação de baixa reserva de tecido adiposo, mas também de severa desordem, sendo que os níveis de leptina podem ser utilizados para avaliar melhor a gravidade da doença. Pesquisas estão sendo realizadas com o objetivo de discutir a possibilidade de utilização da leptina como coadjuvante no tratamento de pacientes com anorexia nervosa para a diminuição da hiperatividade. Acredita-se que o tratamento com leptina associado à medicação e à psicoterapia, poderia ser benéfico em pacientes anoréxicas extremamente ativas, deixando-as mais suscetíveis ao tratamento adicional. Uma realimentação suficiente, a medicação, a psicoterapia e um ambiente acolhedor durante o tratamento com leptina devem ser assegurados. Assim, este artigo tem como objetivo discorrer sobre a leptina e aspectos relacionados à anorexia, e discutir como esta informação pode ser importante na avaliação clínica de pacientes com este transtorno alimentar.
Recent studies have demonstrated a direct relationship between leptin and the regulation of energy balance, and as a factor involved in eating disorders. Acting on the central nervous system, leptin affects food intake, glucose metabolism, body weight, the production of sexual hormones, and physical activity. Studies with humans and animals indicate that low leptin levels are related to symptoms of anorexia nervosa: low food intake, excessive loss of body weight, amenorrhea and hyperactivity. Thus, the degree of hypoleptinemia is not only a strong indication of low reserves of adipose tissue, but also of a severe disorder, and leptin levels can be used to better evaluate the seriousness of the disease. Research has aimed to study the use of leptin in the treatment of patients with AN, and positive results have been obtained in the reduction of hyperactivity. It is possible that leptin treatment associated with medication and psychotherapy can be beneficial for extremely active anorexia nervosa patients, making them more susceptible to further treatment. Adequate food intake, medication, psychotherapy, and a comfortable environment during leptin treatment should be ensured. Thus, this article aims to describe leptin and aspects related to anorexia, and discuss how this information can be important in the clinical evaluation of patients with this eating disorder.