5
views
0
recommends
+1 Recommend
1 collections
    0
    shares
      • Record: found
      • Abstract: found
      • Article: found
      Is Open Access

      Função Pulmonar e Força Muscular Inspiratória na Insuficiência Cardíaca: Elas Podem ser Consideradas Potenciais Marcadores Prognósticos?

      editorial

      Read this article at

      ScienceOpenPublisherPMC
      Bookmark
          There is no author summary for this article yet. Authors can add summaries to their articles on ScienceOpen to make them more accessible to a non-specialist audience.

          Abstract

          A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome complexa considerada um grande problema de saúde pública. Diferentes subtipos de IC são classicamente definidos com base na fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). 1 Embora seu prognóstico tenha melhorado nas últimas décadas – explicado, em parte, pelos grandes avanços terapêuticos 2 – a IC persiste com uma alta mortalidade influenciando negativamente a qualidade de vida. 3,4 Nesse sentido, sintomas comuns experimentados nessa doença, como a falta de ar e a intolerância ao exercício, contribuem muito para esse declínio acentuado na qualidade de vida dos indivíduos. 5 Outra condição, considerada um importante fator de risco que geralmente acompanha a IC, é a disfunção pulmonar. 6 Os comprometimentos respiratórios observados na IC podem estar relacionados a diversas razões, como comprometimento da mecânica pulmonar e da difusão gasosa, 7 além de fraqueza muscular respiratória – agravando o aumento da dispneia, sendo uma das principais limitações ao exercício físico. 8 A espirometria é um teste amplamente utilizado que permite a análise da função pulmonar – medindo a quantidade de ar inspirado e expirado ao máximo. Como a doença pulmonar obstrutiva crônica compartilha sinais e sintomas semelhantes aos da IC, sua identificação em indivíduos com IC pode ser um desafio; nesse sentido, a espirometria pode ajudar a confirmar o diagnóstico. 9 Na avaliação da gravidade potencial de algumas doenças pulmonares, o teste ergométrico também pode ser útil, observando uma série de parâmetros, como a relação volume expiratório forçado no primeiro segundo/capacidade vital forçada (VEF1/CVF). 10 A gravidade da doença ainda pode ser classificada com base no VEF1 quando está abaixo do limite inferior da normalidade (variando de leve quando ≥70% do previsto a muito grave quando <35% do previsto). Embora a própria IC possa levar a uma diminuição do VEF1 e da CVF em cerca de 20% do previsto, 10 além do fato de que um VEF1 pior pode predizer maior mortalidade, 11 evidências convincentes que examinem o papel prognóstico do VEF1 no cenário da IC ainda precisam de mais investigação. Nesta edição dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Ramalho et al. 12 compartilharam dados de um estudo de coorte com 111 adultos brasileiros (média de idade: 57 anos; 40% mulheres) com IC crônica, sem doença pulmonar diagnosticada e que realizaram teste de força muscular respiratória e espirometria; os participantes foram posteriormente acompanhados por uma média de 2,2 anos. Alguns dos objetivos do estudo foram analisar a relação VEF1/CVF com (a) pressão inspiratória máxima, (b) FEVE e (c) prognóstico dos pacientes – este último definido como um composto de morte cardiovascular (CV), transplante cardíaco de emergência ou implante de dispositivo de assistência ventricular esquerda. No geral, a FEVE média inicial foi de 38%, mas 24 dos pacientes apresentaram FEVE >50%; a grande maioria da amostra (64%) estava na classe III pela classificação da NYHA. A cardiopatia isquêmica e a doença de Chagas foram as principais etiologias observadas (39% e 29%, respectivamente). Os pacientes estavam relativamente bem tratados, recebendo terapia médica otimizada (betabloqueadores em 90%, inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona em 84% e antagonistas dos receptores mineralocorticoides em 66%). Este artigo tem várias descobertas interessantes que merecem destaque. Tanto a CVF quanto a VEF1/CVF não se correlacionaram com melhor ou pior prognóstico durante o seguimento médio. Por outro lado, após uma análise de sensibilidade, uma VEF1/CVF baixa foi indicada como um potencial marcador de risco para aumento de eventos adversos cardiovasculares maiores nos indivíduos teoricamente mais graves, ou seja, com FEVE <50%. Além disso, um risco maior de eventos cardiovasculares foi observado naqueles com pressão inspiratória máxima reduzida e VEF1/CVF (razão de risco 1,72; intervalo de confiança de 95%, 1,14 a 2,61). Décadas atrás, Tockman et al. 13 relataram o VEF1 como um preditor independente de mortalidade CV após acompanhar uma coorte de homens aparentemente saudáveis. Em outros estudos observacionais que avaliaram o prognóstico da pressão inspiratória máxima em pacientes com IC, Hamazaki et al. 14 relataram menor incidência de eventos clínicos em pacientes com grande variedade de FEVE (maioria na classe funcional II da NYHA) quando uma pressão inspiratória máxima maior estava presente, após sessões de reabilitação cardíaca e com seguimento médio de 1,8 anos, mesmo após ajuste para fatores de confusão. Meyer et al. sugeriram que a força muscular inspiratória poderia ser útil na estratificação de risco dos pacientes. 15 Apesar dos achados interessantes, que em certa medida corroboram estudos anteriores, o estudo de Ramalho et al. 12 não permite inferências causais com segurança devido ao seu desenho observacional e deve ser interpretado à luz desta e de outras possíveis limitações. Embora esteja bem estabelecido que a IC é comumente caracterizada por anormalidade dos músculos respiratórios, com consequente declínio na qualidade de vida e possivelmente pior prognóstico, seria prematuro concluir definitivamente uma associação direta entre a pressão inspiratória máxima ou VEF1/CVF com risco aumentado de eventos cardiovasculares nesta população, independentemente da FEVE. Apesar destes comentários, este estudo fornece informações importantes para a literatura e reacende a possibilidade de que a VEF1/CVF possa ser usada como ferramenta prognóstica, oferecendo informações incrementais no cenário da IC, especialmente no grupo de pacientes considerados de maior risco. Ainda assim, seria prudente afirmar que a relação entre esses marcadores e o prognóstico desses indivíduos permanece incerta.

          Related collections

          Most cited references15

          • Record: found
          • Abstract: not found
          • Article: not found

          2021 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure

            Bookmark
            • Record: found
            • Abstract: found
            • Article: found
            Is Open Access

            Epidemiology of heart failure

            The heart failure syndrome has first been described as an emerging epidemic about 25 years ago. Today, because of a growing and ageing population, the total number of heart failure patients still continues to rise. However, the case mix of heart failure seems to be evolving. Incidence has stabilized and may even be decreasing in some populations, but alarming opposite trends have been observed in the relatively young, possibly related to an increase in obesity. In addition, a clear transition towards heart failure with a preserved ejection fraction has occurred. Although this transition is partially artificial, due to improved recognition of heart failure as a disorder affecting the entire left ventricular ejection fraction spectrum, links can be made with the growing burden of obesity‐related diseases and with the ageing of the population. Similarly, evidence suggests that the number of patients with heart failure may be on the rise in low‐income countries struggling under the double burden of communicable diseases and conditions associated with a Western‐type lifestyle. These findings, together with the observation that the mortality rate of heart failure is declining less rapidly than previously, indicate we have not reached the end of the epidemic yet. In this review, the evolving epidemiology of heart failure is put into perspective, to discern major trends and project future directions.
              Bookmark
              • Record: found
              • Abstract: found
              • Article: not found

              Heart failure and chronic obstructive pulmonary disease: the challenges facing physicians and health services.

              Pulmonary disease is common in patients with heart failure, through shared risk factors and pathophysiological mechanisms. Adverse pulmonary vascular remodelling and chronic systemic inflammation characterize both diseases. Concurrent chronic obstructive pulmonary disease presents diagnostic and therapeutic challenges, and is associated with increased morbidity and mortality. The cornerstones of therapy are beta-blockers and beta-agonists, whose pharmacological properties are diametrically opposed. Each disease is implicated in exacerbations of the other condition, greatly increasing hospitalizations and associated health care costs. Such multimorbidity is a key challenge for health-care systems oriented towards the treatment of individual diseases. Early identification and treatment of cardiopulmonary disease may alleviate this burden. However, diagnostic and therapeutic strategies require further validation in patients with both conditions.
                Bookmark

                Author and article information

                Journal
                Arq Bras Cardiol
                Arq Bras Cardiol
                abc
                Arquivos Brasileiros de Cardiologia
                Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC
                0066-782X
                1678-4170
                07 April 2022
                April 2022
                : 118
                : 4
                : 692-693
                Affiliations
                [1 ] orgdiv1Faculdade de Medicina orgnameUniversidade Federal do Rio Grande do Sul orgdiv2Hospital de Clínicas de Porto Alegre Porto Alegre RS Brasil originalPrograma de Pós-Graduação em Cardiologia e Ciências Cardiovasculares, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS – Brasil
                [2 ] orgdiv2CardioEx orgnameUniversidade Federal do Rio Grande do Sul orgdiv1Hospital de Clínicas de Porto Alegre Porto Alegre RS Brasil originalGrupo de Pesquisa em Cardiologia do Exercício (CardioEx) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS – Brasil
                [1 ] Brazil originalPrograma de Pós-Graduação em Cardiologia e Ciências Cardiovasculares, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS – Brazil
                [2 ] Brazil originalGrupo de Pesquisa em Cardiologia do Exercício (CardioEx) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS – Brazil
                Author notes
                Correspondência: Filipe Ferrari • R. Ramiro Barcelos, 2400. CEP 90035-003, Porto Alegre, RS – Brasil E-mail: ferrari.filipe88@ 123456cardiol.br
                Mailing Address: Filipe Ferrari • R. Ramiro Barcelos, 2400. Postal Code 90035-003, Porto Alegre, RS – Brazil E-mail: ferrari.filipe88@cardiol.br
                Author information
                https://orcid.org/0000-0001-6929-8392
                Article
                abc.20211060
                10.36660/abc.20211060
                9007001
                5b857502-2be2-44fb-a2ea-3ce22153afa5

                This is an Open Access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

                History
                Page count
                Figures: 0, Tables: 0, Equations: 0, References: 15, Pages: 2
                Categories
                Minieditorial

                insuficiência cardíaca,insuficiência respiratória,músculos respiratórios,função ventricular,tolerância ao exercício,medição de risco

                Comments

                Comment on this article